Alopecia cicatricial: calvície que pode ser irreversível

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A alopecia cicatricial não é uma doença específica: o termo reúne uma série de problemas de saúde que geram queda de cabelos. O que eles têm em comum é que o dano causado aos folículos capilares pode ser permanente e irreversível, tornando-os incapazes de produzir fios.

A maioria das doenças elencadas nesta categoria não tem relação comprovada com herança genética, ou seja, o histórico familiar é pouco útil na previsão das ocorrências. Elas podem atingir homens e mulheres de todas as idades, apesar de serem mais raras em crianças.

Calvície causada por alopecia cicatricial - liquen plano pilar

Porção de couro cabeludo atingida por liquen plano pilar, uma das doenças causadoras de alopecia cicatricial (Imagem original: DermatoWeb)

São casos bem menos comuns do que as demais ocorrências de alopecia, mas como geram quadros de possível perda definitiva dos cabelos, é importante saber identificar e tratar o mais rápido possível.

O que acontece

O surgimento e o desenvolvimento dos sintomas variam de acordo com a doença. Elas são divididas em dois grupos: o primário envolve doenças nas quais o folículo capilar é alvo de uma reação inflamatória destrutiva, e o secundário reúne quadros que não atacam especificamente o folículo (como queimaduras, radiação ou tumores por exemplo).

Dentro do grupo primário, as doenças são subdivididas segundo o tipo de células do sistema imunológico que participa do processo inflamatório: há aquelas com predominância de linfócitos nas áreas afetadas (líquen plano pilar, alopecia frontal fibrosante, pseudopelada de Brocq, alopecia central centrífuga), outras com predominância de neutrófilos (foliculite decalvante, foliculite em tufos,  celulite dissecante do couro cabeludo) e ainda as classificadas como mistas, que envolvem os dois tipos de células (foliculite queloideanadermatose pustular erosiva).

Alguns dos quadros não apresentam outros sintomas além da queda de cabelos, mas vários deles podem causar sensibilidade, coceira, ardência, dor, vermelhidão ou formação de placas ou pústulas. Frequentemente a calvície começa em áreas pequenas, com contornos irregulares, que vão avançando gradualmente (várias áreas calvas podem se fundir à medida em que a doença segue seu curso). É comum que a textura da pele das áreas afetadas ganhe um aspecto “liso”, porque os óstios foliculares (as aberturas dos folículos, por onde os fios saem) vão desaparecendo.

Tratamento

É importante que o diagnóstico e o tratamento sejam realizados o mais breve possível, para tentar evitar que se chegue ao estágio de dano avançado dos folículos. O padrão de surgimento das áreas calvas pode levar a um falso diagnóstico de alopecia areata, portanto é fundamental que a investigação do caso seja minuciosa. O paciente deve procurar um bom dermatologista para fazer as análises necessárias (testes, observação dos fios em microscópio, cultura do líquido das pústulas, se houver, ou mesmo uma biópsia do couro cabeludo enquanto a doença estiver ativa) e identificar o seu caso específico.

Nos casos de predominância de linfócitos o tratamento preferencial é realizado com corticoesteróides ou outros anti-inflamatórios, através de injeções, aplicações tópicas (em cremes ou loções) ou administração oral. Já a presença exacerbada de neutrófilos indica ação contra bactérias ou fungos, normalmente combatidos com antibióticos orais e tópicos. Uma combinação dos dois tipos de tratamento é utilizada quando há tanto linfócitos quanto neutrófilos na área afetada. No caso específico da celulite dissecante, o tratamento normalmente é realizado com isotretinoína. Em algumas situações, loções de minoxidil são utilizadas para recuperar os folículos que tenham sido enfraquecidos, mas não completamente danificados.

Os tratamentos costumam ser de longa duração, e são mantidos até que o avanço da queda do cabelo seja interrompido. O quadro pode se resolver de forma satisfatória, mas infelizmente nenhum dos tratamentos disponíveis atualmente é capaz de recuperar os folículos destruídos ou evitar que novos episódios aconteçam no futuro: depois de um período de estabilização, é possível que os sintomas voltem a aparecer e um novo tratamento precise ser iniciado.

Nos casos menos avançados pode ser possível realizar um implante capilar, ou mesmo eliminar cirurgicamente as áreas calvas com uma redução do couro cabeludo (as partes não-afetadas pela alopecia são reaproximadas e reconstituem o aspecto normal), mas a realização dos procedimentos só é recomendada quando a alopecia se encontra inativa (o ideal é que o quadro esteja estável por 2 ou 3 anos).

Para os indivíduos que não querem ou não podem fazer estes procedimentos, o uso de próteses capilares pode ser uma boa solução. Atualmente é possível encontrar peças confeccionadas com materiais modernos e confortáveis, que podem ser aderidas à pele com adesivos resistentes e permitem que o usuário realize todas as suas atividades normais sem previsar removê-las (se exercitar, nadar e lavar a cabeça, por exemplo). Para mais informações, leia também o nosso post sobre próteses capilares.

Aspecto emocional

Lidar com um quadro de queda de cabelos que costuma ser difícil de diagnosticar (devido à raridade das doenças), pode ter progressão rápida, envolver inflamação e dor consideráveis, e com prognóstico de perda definitiva dos cabelos não é fácil, e pode afetar também a saúde emocional dos pacientes.

O apoio dos amigos e familiares é fundamental para passar por essa fase difícil, mas a ajuda profissional também não deve ser descartada. O atendimento psicológico pode ser uma ferramenta importante para que o paciente tenha força e perseverança para encarar o tratamento e consiga conviver com a doença da maneira mais tranquila possível.

Outro recurso interessante é conversar com outras pessoas que tenham o mesmo problema. Saber que não se está sozinho e trocar histórias, desabafos e impressões sobre tratamentos com quem está lutando a mesma batalha pode ser uma ajuda valiosa. Se não existirem grupos na sua cidade, procure as comunidades online, que reúnem pessoas com todos os tipos de alopecia.

E você?

Você tem alopecia cicatricial ou conhece alguém que sofre com o problema? Restou alguma dúvida que não foi respondida aqui? Deixe um comentário e conte pra gente!

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AVISO: As informações e opiniões publicadas pelo Chega de Queda! não possuem autoridade profissional e não devem ser interpretadas como aconselhamento médico. Nunca utilize qualquer medicação por conta própria. Consulte sempre o seu médico.
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