Alopecia Areata: o que é e como tratar

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Caracterizada por criar áreas limitadas de calvície no meio do couro cabeludo, a alopecia areata é uma das condições mais complicadas de lidar, porque se conhece muito pouco sobre como ela realmente funciona. Ela costuma aparecer com mais frequência entre o final da infância e o início da fase adulta, mas pode atingir homens e mulheres de qualquer idade. Estima-se que aproximadamente 2% da população tenha este problema.

Lidar com um quadro de queda de cabelos que surge repentinamente, avança com rapidez e tem evolução imprevisível (pode voltar ao normal sozinho, pode aumentar, pode voltar no futuro) gera uma carga emocional pesada para quem é afetado. Se é o seu caso, fique tranquilo: neste post, vamos apresentar as diversas opções que existem para que você possa contornar o problema e levar uma vida normal.

Área calva no topo da cabeça, causada pela alopecia areata

A alopecia areta provoca áreas localizadas de calvície, que podem surgir e se recuperar espontaneamente. (Imagem original: Carolyn P Speranza [CC BY 2.0])

O que causa a alopecia areata?

Acredita-se que o problema é causado por uma disfunção do sistema imunológico, que começa a atacar os folículos capilares em fase de crescimento (fase anágena) como se eles fossem um agente invasor do corpo. Com isso cria-se uma ou mais áreas localizadas de calvície, que podem se recuperar espontaneamente depois de alguns meses. Os episódios podem se repetir várias vezes durante a vida do indivíduo.

A maioria das ocorrências acontece no couro cabeludo, mas as áreas calvas podem surgir também na barba, nas sobrancelhas, cílios ou em qualquer área do corpo que tenha pelos. É possível que surja mais de um foco de calvície ao mesmo tempo. Em casos mais raros, o quadro pode avançar por todo o couro cabeludo (alopecia total) ou até mesmo comprometer todos os pelos do corpo (alopecia universal).

Parece haver uma predisposição genética para a alopecia areata (pessoas que têm parentes com a mesma condição têm mais chances de desenvolvê-la). Indivíduos que tenham outras doenças autoimunes (como doença de Graves, tireoidite de Hashimoto, artrite reumatoide, esclerose múltipla, dermatite atópica, lúpus eritematoso, psoríase e vitiligo) também parecem mais propensos a manifestá-la. Em alguns casos surgem também alterações na formação das unhas (surgimento de marcas e irregularidades na textura das unhas, como se fossem arranhões ou pequenos furos).

Não se sabe ainda quais fatores podem disparar um episódio de calvície, mas muitos especialistas acreditam que situações de stress e traumas emocionais podem ter um papel importante.

Área calva na barba, causada por alopecia areata

Outros pelos do do corpo podem ser afetados pela alopecia areata, como a barba e as sobrancelhas, por exemplo. (Imagem original: XxRoxetteXx (Own work) [GFDL ou CC BY-SA 3.0], via Wikimedia Commons)

Tratamentos

Como a maioria dos episódios que não envolvem áreas muito extensas do couro cabeludo costuma se resolver espontaneamente, é complicado avaliar com precisão a eficácia de alguns dos tratamentos disponíveis atualmente (às vezes é difícil determinar se foi o tratamento que funcionou ou se o caso se resolveu sozinho). Nos casos mais discretos a primeira recomendação é esperar e observar como o quadro evolui, para então decidir se vale a pena tentar algum procedimento.

Os tratamentos atuam na recuperação das áreas atingidas, mas nenhuma das opções disponíveis atualmente é capaz de evitar que novos episódios aconteçam no futuro. A vantagem é que, mesmo estando calvas, as áreas afetadas permanecem com os folículos capilares vivos e capazes de voltar a gerar novos fios no futuro (diferentemente dos casos de alopecia cicatricial, que podem chegar a incapacitar permanentemente os folículos).

Um dos tratamentos possíveis é realizado com corticosteróides, através de injeções na área afetada (a cada 4 ou 6 semanas) ou da aplicação de cremes (que costumam demorar mais que as injeções para fazer efeito). As substâncias agem suspendendo a inflamação na base dos fios, possibilitando que eles voltem a crescer normalmente. O tratamento com corticosteroides orais não é muito recomendado, pois a concentração necessária para estimular qualquer efeito nos cabelos costuma ser considerada alta, o que aumenta as chances de gerar efeitos colaterais sérios e inviabiliza o uso prolongado.

Algumas pessoas observam bons resultados com a aplicação de loções de minoxidil (substância de ação vasodilatadora) ou antralina (medicamento normalmente utilizado no tratamento de psoríase) nas áreas afetadas, mas ainda não se sabe exatamente como essas substâncias atuam na recuperação dos folículos capilares. Seu uso é mantido até que os cabelos se recuperem, e em alguns casos elas são utilizadas em combinação entre si ou com as aplicações de corticosteroides.

Nos casos mais avançados, a imunoterapia tópica é considerada uma das melhores opções. São aplicadas substâncias irritantes no couro cabeludo, no intuito de induzir uma dermatite alérgica leve. A inflamação atrai novos linfócitos (células de defesa do organismo) para a área, diferentes daqueles associados à alopecia, e por mecanismos ainda não totalmente compreendidos isso faz com que os cabelos deixem de ser atingidos e possam se recuperar. Estima-se que de 50 a 60% dos pacientes tenham bons resultados com a imunoterapia, e as chances de sucesso são melhores quando a área afetada é pequena.

Nunca é demais lembrar: qualquer tratamento deve ser sempre prescrito e acompanhado pelo seu médico, que vai avaliar o seu caso específico, seu quadro de saúde, analisar possíveis interações medicamentosas, etc. JAMAIS utilize qualquer medicamento por conta própria.

De maneira geral, se um tratamento não gerar resultados entre 6 meses e 1 ano, ele deixa de ser uma opção interessante: o custo fica muito grande e o resultado, se aparecer, é muito tardio para valer a pena (paga-se por um remédio que demora o mesmo tempo que o seu corpo provavelmente levaria pra se recuperar sozinho).

Outras opções

Uma possibilidade para quem tem uma área calva muito visível, mas prefere esperar pela recuperação espontânea, é a utilização de uma prótese capilar até que os fios naturais voltem a nascer. Ela pode ser adaptada para o formato exato da área calva, aderida com adesivos especiais e cortada/tingida no mesmo padrão que o cabelo natural do usuário, permitindo que todas as atividades normais (se exercitar, nadar, lavar os cabelos) sejam realizadas sem que ela precise ser removida (saiba mais sobre próteses capilares aqui).

É importante considerar também a saúde emocional do paciente, já que ela também pode afetar na ocorrência e resolução dos episódios de calvície. Terapia com psicólogos, meditação, acupuntura e outros métodos podem até não te convencer no começo, mas basta ver os depoimentos de quem já testou pra perceber que os resultados podem ser surpreendentes!

Aliás, esse é um dos recursos que mais pode ajudar: conversar com outras pessoas que têm o mesmo problema. Por mais que a família, os amigos e conhecidos estejam dispostos a nos dar apoio, pode ser frustrante não ter ninguém que já tenha passado pelo mesmo que você pra trocar experiências, impressões sobre os tratamentos, ou só mesmo pra desabafar. Se você é de São Paulo, o AAGAP – Grupo de Apoio aos Pacientes com Alopecia Areata pode ser uma boa opção – eles também têm uma página no Facebook.

Uma pergunta para você:

Você tem alopecia areata? Já testou algum tratamento? Como foi a sua experiência? Conte pra gente nos comentários!

 

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AVISO: As informações e opiniões publicadas pelo Chega de Queda! não possuem autoridade profissional e não devem ser interpretadas como aconselhamento médico. Nunca utilize qualquer medicação por conta própria. Consulte sempre o seu médico.
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